BLOG

Ventilação mecânica: conheça as melhores práticas de cuidado e desinfecção dos materiais

A ventilação mecânica é uma intervenção crítica utilizada em pacientes com dificuldade respiratória, normalmente em ambientes de terapia intensiva. Embora seja uma ferramenta valiosa, apresenta riscos, especialmente no que diz respeito a infecções. Os principais riscos são: Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV), Contaminação de Equipamentos; Alteração na Barreira de Proteção e Ventilação Prolongada. 

Embora a ventilação mecânica seja essencial em muitas situações clínicas, é vital que os profissionais de saúde estejam cientes dos riscos de infecção e implementem medidas adequadas para preveni-los. O manejo cuidadoso e a vigilância contínua são fundamentais para garantir a segurança dos pacientes. 

Por isso, a desinfecção é um passo indispensável na rotina hospitalar para prevenir infecções, como a Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV). 

A desinfecção não apenas protege os pacientes de infecções, mas também facilita uma recuperação mais rápida e eficaz, contribuindo para melhores resultados clínicos e para a segurança geral no ambiente hospitalar.

Hoje, a Profilática abordará as melhores práticas para a desinfecção de materiais semicríticos utilizados na ventilação mecânica respiratória, enfatizando a redução dos riscos biológicos e os cuidados necessários com os equipamentos. Acompanhe a seguir!

A ventilação mecânica e os riscos de contaminação hospitalar

A inserção de um tubo endotraqueal rompe as barreiras naturais de defesa do trato respiratório, o que facilita a entrada de microrganismos patogênicos. Esses agentes conseguem se proliferar rapidamente e, assim, aumenta a incidência de infecções respiratórias graves, como a PAV.

Esse dispositivo também favorece a formação de biofilmes bacterianos em seu interior. Além disso, a presença de condensado nos circuitos respiratórios também é uma situação crítica para infecção quando não é totalmente removida e descartada.

Outros riscos de contaminação hospitalar são:

  1. Contaminação de Equipamentos:
  • O uso de ventiladores, tubos endotraqueais e outros dispositivos pode levar à contaminação se não forem devidamente esterilizados, manuseados e desinfectados.

2. Alterações na Barreira de Proteção:

  • A intubação pode danificar as barreiras naturais do corpo, facilitando a entrada de micro-organismos.

3. Ventilação prolongada:

  • A ventilação mecânica prolongada aumenta o risco de infecções, pois o tempo de exposição a potenciais patógenos aumenta.

Existem várias estratégias para minimizar o risco de infecções em pacientes sob ventilação mecânica:

  • Cuidados com a Higiene: manter uma rigorosa higiene das mãos e esterilização de equipamentos.
  • Posicionamento do Paciente: elevar a cabeceira da cama em 30 a 45 graus pode ajudar a reduzir o risco de aspiração.
  • Aspiração Cuidadosa: aspiração das secreções deve ser feita com cuidado para evitar a introdução de patógenos.
  • Uso de Barras de Proteção: utilizar filtros e outros dispositivos que ajudem a evitar a contaminação do circuito respiratório.

Por conta de tudo isso, é essencial ter uma boa abordagem de limpeza, desinfecção e manutenção dos equipamentos usados na assistência respiratória.

Qual é o processo de desinfecção de materiais utilizados na ventilação mecânica?

Os materiais utilizados na ventilação mecânica são chamados de semicríticos, ou seja, todos aqueles que entram em contato com mucosas ou pele não íntegra, apresentando um risco moderado de infecção.  Eles exigem um nível de desinfecção mais rigoroso, chamado de desinfecção de alto nível ou esterilização. Veja mais sobre esse processo.

1. Limpeza 

Antes de partir para a desinfecção, as equipes de limpeza precisam remover a matéria orgânica e sujidades dos materiais. Aqui, é importante usar escovas, detergentes enzimáticos e água corrente. Essa etapa diminui bastante a carga microbiana.

2. Desinfecção ou esterilização 

Dependendo do tipo de material, é necessário de esterilização a vapor sob pressão (autoclave) para itens termorresistentes ou desinfecção química para equipamentos sensíveis ao calor.

3. Secagem e armazenamento 

Após o processo, os materiais devem ser secos com barreira estéril e armazenados em embalagens limpas e identificadas, sempre protegendo contra nova contaminação.

Existem casos em que a termodesinfecção automatizada é recomendada. Isso porque ela oferece melhor controle da temperatura, do tempo e dos agentes químicos utilizados. Ela também diminui a exposição dos profissionais de limpeza a produtos químicos agressivos.

Melhores práticas de assistência e prevenção durante a ventilação mecânica

Além da correta desinfecção dos materiais, também é essencial ter cuidados durante a assistência respiratória. Qualquer má manipulação dos dispositivos, mesmo que limpos, pode gerar a contaminação cruzada. Por isso, todo cuidado diário é imprescindível.

Controle de infecção e higiene do paciente

Um ponto importante da prevenção de infecções é a higiene oral. Os pacientes em ventilação mecânica devem receber higiene bucal pelo menos três vezes ao dia, utilizando solução de clorexidina 0,12% e escovas macias. Esse cuidado ajuda a reduzir a formação de biofilmes e a colonização bacteriana.

Todo o entorno do tubo endotraqueal precisa ser limpo com frequência, principalmente para remover secreções que se acumulam na região peritubo. A pressão do cuff deve ser monitorada para evitar microaspirações, que facilitam a entrada de bactérias da orofaringe para o trato respiratório inferior.

Aspiração de secreções com técnica asséptica

Durante a aspiração brônquica, é fundamental usar luvas estéreis, máscara, óculos de proteção e avental. Aqui, não é recomendado usar soro fisiológico, porque ele pode mobilizar secreções contaminadas e diminuir a saturação do paciente. Após a aspiração, o circuito deve ser lavado com água estéril ou solução salina e armazenado corretamente.

Quais cuidados necessários com dispositivos reutilizáveis e inaloterapia?

O procedimento de ventilação mecânica exige o uso de nebulizadores, inaladores, aspiradores e máscaras. A maioria desses itens são reutilizáveis e, por isso, precisam seguir protocolos rígidos de desinfecção e troca regular.

O que recomendamos você e sua equipe fazer:

  • Nebulizadores e inaladores: ser identificados com data de uso e trocados a cada 24 horas ou conforme a recomendação do fabricante;
  • Máscaras e adaptadores reutilizáveis: precisam ser lavados ou submetidos à desinfecção química ou termodesinfecção após cada uso;
  • Respirômetros e aspiradores: seguem a mesma rotina de limpeza e desinfecção.

Vale lembrar que é importante manter um controle de qualidade interno, com registro de datas de uso, desinfecção e troca. Tudo isso ajuda na rastreabilidade e diminuição de possíveis falhas operacionais.

Dicas de medidas ambientais e capacitação de equipes de limpeza e enfermagem

A ventilação mecânica é um risco tanto pelo uso dos dispositivos e também pela exposição ambiental ao redor do leito do paciente. Por isso, os espaços que acontecem essa assistência precisam seguir alguns cuidados de limpeza e organização.

Por exemplo, as superfícies próximas ao leito, como mesas de apoio, grades da cama e bombas de infusão, devem ser limpas todos os dias e com o uso de desinfetantes hospitalares próprios com o tipo de material. 

Os equipamentos eletrônicos, como ventiladores, precisam ser higienizados conforme orientação do fabricante, sempre evitando o uso de produtos corrosivos

Já os condensados dos circuitos devem ser removidos com muito cuidado, de preferência, utilizados copos coletores e EPIs.

E, claro, o descarte de resíduos gerados no processo, como luvas, sondas e fazes, precisam seguir as regras de gerenciamento de resíduos da unidade hospitalar, sempre respeitando a classificação e separação.

Em relação à capacitação e rotina da equipe de limpeza e enfermagem, é importante seguir alguns pontos de capacitação:

  • Técnica asséptica na montagem e desmontagem dos circuitos;
  • Identificação visual de materiais contaminados ou danificados;
  • Manipulação de artigos semicríticos;
  • Uso correto dos EPIs durante o atendimento e a limpeza;
  • Preenchimento de registros de controle e rastreabilidade.

Para que seja possível prevenir as infecções relacionadas à ventilação mecânica, é indispensável ter uma abordagem integrada, que combine protocolos de desinfecção, capacitação das equipes e também o uso de algumas tecnologias para a área

Não basta apenas estabelecer diretrizes se não houver compromisso da instituição e dos profissionais de limpeza. A aplicação dos cuidados de limpeza e desinfecção que comentamos até aqui é essencial e não deve ser descartada de maneira alguma. 

O envolvimento da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) na elaboração e revisão periódica dos protocolos de desinfecção é fundamental para garantir que estes estejam em conformidade com as recomendações das agências reguladoras e sociedades científicas. A CCIH também deve realizar auditorias regulares para verificar a adesão aos protocolos e identificar oportunidades de melhoria.

Por fim, é importante ressaltar que a prevenção de infecções associadas à ventilação mecânica é uma responsabilidade compartilhada entre gestores, equipe assistencial, serviço de higienização e controle de infecção. 

Um ambiente seguro surge a partir do compromisso de todos! Por isso, valorize e coloque em prática todos os processos de desinfecção dos materiais semicríticos.

Então, este conteúdo foi útil para você? Esperamos que sim! Se você quer conferir mais dicas relacionadas à limpeza e desinfecção hospitalar, acesse o blog da Profilática. Temos muitos conteúdos sobre o assunto!

LEIA TAMBÉM