O biofilme é um dos principais responsáveis pela contaminação cruzada dentro dos consultórios odontológicos.
Mas afinal, o que é o biofilme?
O biofilme é uma colônia de microcolônias de bactérias formada pelo acúmulo de partículas orgânicas em uma dada superfície que possui alta concentração de nutrientes para o desenvolvimento dessas comunidades microbianas. Sendo um dos responsáveis pela contaminação cruzada dentro dos consultórios odontológicos.
Os biofilmes podem se desenvolver em uma variedade de superfícies internas e externas de equipamentos, utensílios, reservatórios de líquido, mangueiras e tubulações de consultórios ou clínicas odontológicas quando não é realizado o procedimento correto de limpeza e desinfecção.
Muitos desses microrganismos podem ser patogênicos que por meio da contaminação, causa doenças na saúde do seu paciente.
Como se forma o biofilme?
O biofilme é formado por 5 fases! Para fins didáticos e para simplificação a definimos da seguinte forma:
1ª fase – Adesão I – Adesão de bactérias planctônicas, isto é, de vida livre à uma superfície e acontece de modo aleatório. Nesta primeira fase é ainda reversível e é sustentada por relações físico-químicas não específicas formando o alicerce para o desenvolvimento do biofilme, formando-se em segundos.
2ª fase – Adesão II – A segunda fase da adesão baseia-se na transição do estágio reversível para o irreversível. As bactérias passam a secretar substâncias que serão responsáveis pela manutenção da adesão e da camada que envolve o biofilme, constituindo-se em segundos ou minutos.
3ª e 4ª fases – Maturação I e Maturação II – Os biofilmes quando passam pela fase de maturação formam uma estrutura semelhante a cogumelos, sendo envoltos por diversas substâncias. Na Maturação I ocorre o desenvolvimento e divisão de bactérias, enquanto a Maturação II efetua-se a produção de exopolímero e constituição de biofilme. Esses dois processos podem levar horas ou dias.
5ª fase – Dispersão – A quinta e última fase da formação ocorre a fixação de outros microrganismos no mesmo, o ambiente não é mais favorável à sua manutenção, e fundamenta-se no descolamento do biofilme maduro no modo de agregados celulares ou células planctônicas. Após dispersas, as bactérias livres podem colonizar novos ambientes, reiniciando a formação de novos biofilmes. Essa fase pode suceder dias ou meses.
Desse modo, a formação do biofilme decorre pela combinação de um ambiente com
Líquido + Superfície + Microrganismos
podendo ser encontrado desde dispositivos odontológicos a tubulações em contato direto com o paciente. Além disso, estima-se que até 60% das infecções em instituições de saúde têm presença de algum tipo de biofilme em sua patogênese. Outro fator agravante é que quanto maior o tempo de permanência, maior a probabilidade de formação de biofilme e de sua implicação na presença de infecções.
Como se prevenir do biofilme?
Há dois aspectos que são fundamentais para a prevenção de biofilmes:
1) Minimizar ao máximo a presença de microrganismos no ambiente
2) A correta aplicação de um desinfetante nas partes internas e externas de equipos
Para o primeiro aspecto estão presentes as boas práticas de prevenção de infecção, que devem ser iniciadas pela implantação de dispositivos invasivos para as situações mais importantes, tendo o cuidado para pausar o uso dos mesmos assim que possível.
Inclui-se também nessas práticas o manuseio de pacientes, artigos, equipos e ambientes, sendo primordial a higienização das mãos e manejo asséptico de itens desinfetados. Além disso, buscar o controle constante da carga microbiana presente na água.
O segundo aspecto corresponde ao uso de desinfetantes eficazes, tanto na parte interna ou e externa de equipos, que promovam a inibição da formação do biofilme ou que até mesmo o dissolvam desfavorecendo a fase de adesão primária da formação de colônia de bactérias.
No entanto, mesmo com o uso desses produtos, sem as boas práticas de prevenção de infecção os mesmos não terão efetividade. Dessa forma, boas práticas e uso de desinfetantes eficientes precisam caminhar juntos.
Referências:
WOLF, Julie. Signaling a stop to biofilm formation. 2015. Disponível em: <http://mbioblog.asm.org/mbiosphere/2015/07/signaling-a-stop-to-biofilm-formation.html>. Acesso em: 04 jul. 2017.
CHOI, Jane; et al. Dental Water Line. Disponível em: <https://microbewiki.kenyon.edu/index.php/Dental_Water_Line>. Acesso em: 04 jul. 2017.
HIGA, Juliana Suyama. Biofilmes bacterianos: vivendo em comunidade. Disponível em: <http://www.icb.usp.br/bmm/ext/index.php?option=com_content&view=article&id=158:biofilmes&catid=12:geral&lang=br>. Acesso em: 04 jul. 2017.
PADOVEZE, Maria Clara. Biofilme: o inimigo invisível. Disponível em: <http://nascecme.com.br/biofilme-o-inimigo-invisivel/>. Acesso em: 04 jul. 2017.