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Correto armazenamento de produtos químicos saneantes em unidades de saúde

O armazenamento de produtos químicos saneantes em estabelecimentos de saúde é um fator delicado e importante para manter a eficácia e segurança ocupacional das pessoas. Os desinfetantes, detergentes hospitalares e outros produtos fazem parte da rotina de limpeza e higienização, mas, se armazenados incorretamente, podem gerar vários riscos. 

Para evitar grandes problemas, é necessário colocar em prática algumas medidas de armazenamento para diminuir riscos de vazamentos e reações químicas, e uma estocagem bem planejada para a durabilidade dos produtos e organização das unidades de saúde. 

Mas você sabe como fazer o correto armazenamento de produtos químicos saneantes? Se ainda não, fique tranquilo! Neste artigo, a Profilática explicará tudo o que precisa saber sobre o assunto. Confira a seguir!

A importância do correto armazenamento de produtos químicos

Quando estamos tratando de serviços de saúde, onde existem pessoas em condições de vulnerabilidade física, a preocupação com a segurança é redobrada. Por isso, em hipótese alguma, deve-se ignorar as medidas de armazenamento de produtos químicos. 

Os produtos saneantes utilizados em hospitais e demais serviços de saúde têm hipoclorito de sódio, álcoois, quaternários de amônio, fenóis e peróxidos, que podem causar riscos à saúde de pacientes, profissionais de saúde e visitantes, em maior ou menor grau. O armazenamento inadequado desses produtos pode gerar reações químicas indesejáveis, liberação de vapores tóxicos e contaminação cruzada de medicamentos e alimentos. 

Ao implementar algumas práticas de armazenamento, os gestores hospitalares conseguem contribuir para a redução de todos esses riscos, ou seja, aumentam a proteção de pacientes e profissionais. 

Além disso, o cumprimento de algumas normas como a NR-32 (Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde) e RDC 222/2018 da ANVISA demonstra comprometimento da instituição com a segurança e qualidade no atendimento.

Como fazer o armazenamento de produtos químicos em estabelecimentos de saúde

Antes de organizar a estocagem de produtos químicos saneantes, é essencial saber as características de cada substância, seus riscos e as principais formas de armazenamento. Separamos os principais cuidados e orientações para serviços de saúde, veja:

Organização por compatibilidade química

Muitos ambientes de saúde organizam produtos químicos em ordem alfabética, porém é um erro comum, por mais que pareça prático. O correto é agrupá-los conforme sua classe de risco. Os produtos incompatíveis entre si, como oxidantes e inflamáveis, precisam estar separados.

Já as substâncias tóxicas, corrosivas ou inflamáveis devem ter espaços próprios, sinalizados e de acesso restrito. O uso de etiquetas conforme a NBR 7500/2021, para alertar o risco, é fundamental na hora de identificar rapidamente o tipo de perigo em cada recipiente. 

Estrutura física adequada para a estocagem

Toda a área física destinada para o armazenamento de produtos químicos deve atender aos requisitos estruturais que minimizam riscos e facilitam o manuseio. O local deve contar com piso impermeável e antiderrapante, preferencialmente com caimento para canaletas de drenagem conectadas ao sistema de tratamento de efluentes do serviço de saúde.

A ventilação também é um ponto fundamental. O sistema precisa evitar qualquer acúmulo de vapores potencialmente tóxicos. Em alguns casos, é necessária a instalação de exaustores em áreas onde são armazenados produtos voláteis ou com forte odor.

Uma boa iluminação também ajuda na segurança, pois facilita a identificação dos rótulos e o monitoramento de eventuais vazamentos. As instalações elétricas devem ter proteção contra faíscas.

Sistemas de identificação e rotulagem

Todos os recipientes, mesmo aqueles que contêm substâncias diluídas ou fracionadas, precisam ter rótulos com informações completas sobre seus componentes.

A NBR 7500/2021 estabelece a simbologia padrão para identificação de produtos perigosos, que deve ser adotada nos rótulos e na sinalização do local de armazenamento. O sistema de classificação GHS (Sistema Globalmente Harmonizado) também oferece pictogramas padronizados que facilitam o reconhecimento rápido dos riscos associados a cada produto.

Além da identificação de cada produto, o local de armazenamento deve contar com um sistema de sinalização que indique as áreas destinadas a cada grupo de produtos químicos, as rotas de fuga em caso de emergência e a localização dos equipamentos de proteção e combate a incidentes.

O controle das datas de validade também faz parte do sistema de identificação. Qualquer produto vencido apresenta risco, pois sofre alterações em sua composição química. 

As normas para armazenamento de produtos químicos na saúde

O Brasil conta com algumas regulamentações específicas para o armazenamento de produtos químicos em estabelecimentos de saúde. 

Por exemplo, a NR-32 possui diretrizes para o manejo de produtos químicos, incluindo medidas de armazenamento. A norma determina que as instituições devem manter um programa de gerenciamento de produtos químicos, com inventário atualizado e disponibilização das Fichas de Dados de Segurança (FDS), antiga FISPQ para consulta dos trabalhadores.

A RDC 222/2018 da ANVISA, que regulamenta as práticas de gerenciamento de resíduos em serviços de saúde, também traz orientações sobre o armazenamento de produtos químicos, principalmente no que se refere ao descarte de embalagens e produtos vencidos ou contaminados.

E também temos a NBR 14725, que padroniza as informações de segurança contidas nos rótulos e FDSs, e a NBR 17505, que trata especificamente do armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis, frequentemente presentes entre os saneantes hospitalares.

Dicas de procedimentos operacionais para o manejo diário dos produtos químicos

Para lidar muito bem com a estocagem de químicos nos serviços de saúde, saiba que é necessário aplicar alguns procedimentos operacionais para garantir a segurança durante todo o ciclo de vida dos produtos, desde a recepção até o uso final. Veja:

1. Recebimento e inspeção inicial

O recebimento de produtos químicos é a primeira etapa crítica neste processo. Os responsáveis devem verificar as condições das embalagens, conferir se os rótulos estão íntegros e legíveis, além de confirmar se os produtos entregues correspondem exatamente ao que foi solicitado. As embalagens danificadas ou com sinais de vazamento não devem ser aceitas.

2. Controle de acesso e proteção individual

Durante o armazenamento em si, é fundamental manter um controle rigoroso de acesso ao local, assim é possível permitir a entrada somente de pessoas autorizadas. O uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s) como luvas, óculos de proteção e, em alguns casos, máscaras respiratórias, deve ser obrigatório para todos que manipulam estes produtos.

3. Transporte interno seguro

A movimentação interna dos produtos químicos também merece atenção. O transporte deve ser feito em carrinhos, e evitar o carregamento manual de recipientes pesados. As rotas de transporte precisam ser planejadas para evitar áreas de circulação de pacientes e visitantes.

4. Preparação para emergências

Os procedimentos de emergência precisam estar muito bem visíveis no local de armazenamento, incluindo instruções para casos de derramamentos, contato acidental com a pele ou mucosas, e inalação de vapores. Os kits para contenção de derramamentos devem estar acessíveis a todos os colaboradores.

Então, conseguiu entender mais sobre a importância e como fazer o armazenamento de produtos químicos saneantes em hospitais e clínicas? Todas as práticas que comentamos aqui são essenciais para preservar a integridade dos ambientes, dos profissionais e dos pacientes.

Quando há organização, estrutura física apropriada e uma rotina bem definida de inspeção, os riscos se tornam muito menores. Além disso, seguir as normas técnicas é uma forma de demonstrar comprometimento da instituição com a segurança e a qualidade dos serviços prestados.

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